domingo, 27 de setembro de 2009

POESIA: MISTÉRIOS DA VIDA (MINHA AUTORIA)


POESIA A IGNÁCIO (Durante a palestra)
autora: Lêda Tôrres

(Sobre o caso do óculos esquecido no táxi)

A avenida...
o táxi...
a atriz...
o óculos
e o poeta.

Outro dia
num turbilhão
de gente...
carros...
milhares deles...
passavam
e a atriz de novo!
o óculos
do poeta!!
Milagre?!!
não sei!!
Era
um passa
carros...
de novo
a avenida,
o táxi,
a atriz
o óculos
e o poeta!!
Milagre?!!
Não sei!!
e o poeta
talvez disesse:
ó, o meu óculos, achei!!
achei!!
Um abraço e até..



PALESTRA COM O ESCRITOR


TEMA: A palavra na construção da Linguagem

No dia 14 de abril de 2009, no auditório do Hotel Abeville em São Luis, houve uma palestra com o escritor contemporâneo da nossa literatura, das 18 às 22 hs , com casa cheia. Foi muito proveitosa, por sinal, pois como gosto muito de literatura, fiquei toda atenção, não perdi um lance. Convidei minha mana Júlia Tôrres, para juntas prestigiarmos o grande escritor, um senhor muito agradável, com seus setenta e poucos anos...de um humor fora do comum, todos prestavam atenção a cada gesto, a cada palavra dele.
Quero registrar no meu blog alguns trechos que consegui anotar, inclusive vou postar uma poesia que fiz naquela hora em sua homenagem, logo após ele contar uma breve crônica, fatos do seu cotidiano, lá no Rio de Janeiro:

  • Ele, por sua vez, natural de Araraquara-SP, sua idade 72 anos;
  • Falou com carinho de duas professoras suas inesquecíveis, que ainda são vivas;
  • Lembrou muito bem de sua infância, de sua trajetória de menino - suas peripécias típicas da idade, de suas paixonites infantis ( falou da resolução das equações matemáticas e da companhia das coleguinhas, as meninas que sentavam ao seu lado);
  • Tirou 10: pela imaginação, pelo delírio, pela memória, pela realidade, e isso na sua opinião é literatura. Literatura é criar um mundo imaginário com base na realidade;
  • Se pai, um ferroviário, pobre, quase operário; comprava livros, dicionários e lia todos, gostava muito de ler tudo que estava ao seu alcance; e quando se concentrava lia...lia...lia..;
  • O poeta nasceu em 31/07/1909: seus irmãos João Bosco, Luis Gonzaga, etc...sua família de tradição católica ia a missas que por sua vez eram executadas e cantadas em latim;
  • Seu nome se deu em homenagem ao Santo do dia - naqueles anos era dado em nome de um santo , o do dia, costume comum na época;
  • Seu velho pai naqueles anos 40 , lia, escrevia, lia, era aplaudido até na igreja que frequentava - e esse estímulo ao seu pai ficou na sua memória, aqueles gestos lhes foram inesquecíveis;
  • Ignácio se auto denomina de ficcionista, apesar de magro, introvertido, meio esquisito, parecendo arrogante, na realidade é doce e terno, (aberto a comprovações...);
  • Não tinha namorada naquele época de meninote, mas teve uma grande paixão: a Branca de Neve, desde que fora exibido pela 1ª vez o seu filme, em 1938. Ele odiava os sete anões porque escravizavam a Branca de Neve;
  • Hoje um dos livros mais recentes ( o que trouxe para divulgá-lo): O menino que vendia palavras (reportando à sua infância);
  • Para o escritor reescrever é uma maneira de aprender a escrever;
  • Um dos seus livros preferidos de outro escritor: Cem Anos de Solidão (de Gabriel da Silva Marques);
  • Reportando à sua infância, lembrava de uma das suas professoras com carinho , quando disse que a mesma deu a oportunidade aos seus alunos de julgar os personagens dos textos, das histórias contadas nos livros, como a da Branca de Neve e tantos outros;(evoluída pra aquela época);
  • Para sua professora, o adulto tinha que acreditar nas crianças, dá-lhe voto de confiança;
  • Sua professora sempre mandava seus alunos recontar e reescrever as histórias (coisas de hoje);
  • Para Ignácio, Literatura é vingança contra situações que vivemos, nossas frustações, nossos anseios, nossas mágoas, nossas decepções...e aí escrevemos o que sentimos;
  • Segundo Ignácio Loyola, para Henri Miller " cada página de um livro, é uma declaração de guerra);
  • E para o escritor, na sua fase ainda de menino, sua vida de escritor fora ali determinada;
  • Para ele, todo final de história deve ser surpreendente;
  • Todo começo de livro é fácil, o difícil é o final. Ele próprio teve que reescrever por 18 vezes o final de um livro;
  • Com 16 anos de idade , Ignácio leu todos os livros da Biblioteca Municipal de sua cidade:
  • Ele sempre anda com uma caderneta, tudo que lhe chama atenção, que lhes desperte curiosidade, como um outdoor, frases de muros pichados, grafitados, etc., Anota tics, falas, manias, gestos, jeitos, para compor ali seus personagens;
  • Por algumas vezes, temos e fazemos algumas loucuras; isso é poesia, faz parte da nossa vida, temos que soltar;
  • A "mentira", a fantasia, devemos incentivá-los a soltar sua imaginação, principalmente na sala de aula;
  • Ignácio diz ainda, que tem que trabalhar sempre, senão ele não vive, ele adora viver nesse ritmo intenso; Já fez 31 livros, e continua escrevendo, tem até alguns escritos para os próximos livros;
  • No se livro "Cadeiras proibidas" - de contos - tem um conto "No dia em que os homens se tornaram barbantes"; cujo conto ele gosta muito;
  • É normal os escritores utilizarem-se de diversos recursos para compor suas obras como:nomes por idade, nomes incomuns, nomes esquisitos, cenas incomuns também, dicionários etmológicos, catálogos telefônicos,etc.
  • Como não poderia deixar de ser, falou também de grandes escritores como Hamygway, Cervantes, Ariano Suassuna, etc;
  • Falou também da Jornada Literária que acontece anualmente no Rio Grande do Sul - é a maior do Brasil;
  • Um escritor tem que ter propriedade ao se referir às coisas, aos fatos de suas obras, ter propriedade sobre si mesmo;
  • Falou da concisão de Graciliano Ramos em sua obra "Vidas Secas";
  • O grande Hamygway lhes ensinou a ser conciso;
  • Para o escritor " Não interessam as datas,mas os motivos, como se pode ver nos grandes acontecimentos como a Proclamação da Independência, a Proclamação da República"..
  • O escritor se importa com os motivos, com as coisas ocultas;
  • Ignácio comentou ainda a obra Memórias de um sargento de Milícias, muita gente vai achar chata esta obra, mas vale conhecê-la;
  • O escritor volta a falar saudosamente de sua professora de infância, a profa. Lourdes;
  • Ele mandou recuperar a velha enciclopédia Jackson de seu pai, da sua infância;
  • A velha enciclopédia que continha palavras difíceis como (grossidura que significa uma espécie de rato da Europa com 30 dentes) cujo significado ele jamais esquecera, pois quando era menino sempre procurava ao seu pai o significado das palavras e trocava as respostas que seus amiguinhos lhes perguntavam, por algo de valor, não era de graça nada;
  • A influência do pai, da velha enciclopédia, dos dicionários,, lhes proporcionavam o prazer de buscar os sinônimos para todas as palavras que lhes eram lançadas como desafio;
  • Foi profissional desde os 10 anos de idade, ele vendia as palavras, como zautrosa por exemplo;
  • Em 1965 foi repórter do Jornal"Última Hora";
  • Recentemente a revista Cláudia pediu-lhe que fizesse um livro infantil, e foi aí que teve a idéia do livro "O menino que vendia palavras';
  • sobre este livro tinha alguns escritos, porém teve que reescrever todos os detalhes deste durante 4 meses. Ignácio voltou a sua terra natal, a lugares onde passou sua infância, pegou todos esses elementos e os colocou no livro dito;
  • Ele pretende dar continuidade a este livro, contando suas histórias de aluno e professor alunos;
  • Falou ainda de crônicas;
  • Considera suas crônicas engraçadas e interessantes; elas tem sido escritas sempre em São Paulo (ele e seus conflitos - amor e contrastes);
  • Lembrou que quando as editoras querem algum livro, é uma pressão danada, querem pra logo, o tempo urge;
  • Ignácio anda muito a pé, de trem, de ônibus, de táxi, de metrô e em cada meio onde vai, observa tudo e todos, ali é que está todo material sobre suas crônicas; ali ele observa o palavreado e a fala das pessoas, seus erros, suas trocas, seus equívocos como em vez de problema, essas pessoas falam pobrema na sua linguagem popular e não a abstrata;
  • É aí nesse intervalo que surge a linguagem literária, aquela de um universo de ficção criada pelo escritor;
  • Falou de alguns cronistas brasileiros muito importantes como Olavo Bilac, João do Rio e Machado de Assis;
  • Sua Aldeia natal,A vida tem mistérios,Ele , o táxi e a atriz Suzana Vieira e o óculos; que tudo isso chamamos de sincronicidade;
  • Outroas obras: Casa Meio Norte;
  • Frases do poeta: "Este país está meio louco e invertido"; "Quem protege aquelas crianças é a própria marginalidade";
  • "A linguagem é a melhor arma do escritor". Claro que ela tem que ser cuidada, respeitada. Mas na arte da escrita, pode se quebrar a regra, ou seja, falar fora do comum, do padrão, pode-se errar, ou seja, literariamente.
  • Seu segundo livro gênero romance foi: Bebel que o gato comeu (tiveram 149 erros de revisão);
  • Outras frase do escritor para finalizar a noite da palestra:" Cada vez que acabo uma obra, uma criação literária minha, me satisfaço, tenho um gozo múltiplo...ainda que jamais me satisfaço...é uma relação de amor...(ignácio de Loyola Brandão).;
  • Do Rio Grande do Norte ele tem uma boa lembraaança de alguém que o incentivou muito, foi Dorian Jorge Ferreira, de Mossoró - RN;
  • "Não quero ser encontrado, encontro quem eu quero" Loyola.
Como o escritor nos contou que um certo dia deparou-se com a atriz global Suzana Vieira em plena avenida em Copacabana no Rio de Janeiro, foi aquela troca de papo, pois ambos são velhos amigos, tomaram naquela esquina, o mesmo táxi. Incrível, foi depois o que aconteceu: o escritor deixou no carro seu óculos e desceu primeiro que a atriz,e foi-se embora, e o táxi prosseguiu com a atriz. Pois bem, passado alguns dias, e Suzana coincidentemente foi pelo mesmo percurso da avenida, e meio a milhares de carros que por ali trafegavam em plena avenida, ela dá a mão ao primeiro táxi que estava disponível, e vejam só de quem? do mesmo taxista que levou o poeta e a atriz. O motorista ao olhar bem para a atriz, reconheceu-a e perguntou por aquele senhor: cadê ele? naquele dia ficou um óculos, acho que dele , no meu carro. E a atriz prontamente recebeu-o reconhecendo-o é claro, e ao chegar em casa ligou para o poeta...e aí esta crônica me inspirou de imediato a poesia que entreguei pessoalmente a ele naquela palestra, este a leu em voz alta no auditório, elogiou a poesia e gostaria de conhecer a autora. Foi quando me apresentei , ele me deu um forte abraço e me presenteou com o seu mais recente livro, com autógrafo dele e tudo: O MENINO QUE VENDIA PALAVRAS. Quão grande foi a minha alegria, e depois dali muitos convidados tiraram fotos, eu inclusive e minha mana. Depois dali fui com algumas colegas de meu trabalho e minha mana para um lanche lá mesmo no hotel, por conta da editora que programou o evento, a Editora Moderna. Foi uma noite inesquecível, pois além de adorar ganhar livros, sou apaixonada por literatura. E por hoje é isso aí..deleitem-se com os fatos aqui relatados...um abraço e boa leitura!!

UMA PALESTRA DO ESCRITOR iGNÁCIO lOYOLA bRANDÃO

A MORTE DA ÀRVORE


Certo dia, exatamente às onze horas da manhã quando eu estava esperando meu transporte para voltar pra minha residência, deparei-me com uma cena inesquecível pra qualquer ser humano sensível nesta vida: a morte de uma árvore centenária de um sítio que foi vendido para construção de condomínios, em frente a escola que trabalhei, o Centro de Ensino Coelho Neto no bairro Turu em São Luis - MA.
Um grande trator puxava aquela árvore amarrada a este por uma corda bem grossa. As suas folhas balançavam e aquele tronco já inerte parecia tremer, pedindo socorro, não sei pra quem, mas a impressão era de que ele pedia socorro...não queria morrer!! já vivia ali há tantos anos, pra que condomínios num lugar cheio de árvores?? por que o homem sempre destrói as árvores, o meio ambiente?? será que é preciso matar as árvores em detrimento da vida dos condomínios? do progresso??
Vale ressaltar, que é preciso muita insensibilidade do homem para poder matar seres tão reais, tão vivos...e eu ali impossibilitada de fazer qualquer coisa, pois olhava pra um lado e outro, e aquele trator continuava a fazer aquela tarefa tão grande para eles...
Pena que a vida seja dessa maneira, uns morrem em detrimento da vida de outros...